quarta-feira, 20 de fevereiro de 2008

a gente nunca sabe o porque

só sabe como

e a história começa com uma menina que nunca soube responder à clássica pergunta feita por adultos que querem puxar papo com criancinhas: “o que você vai ser quando crescer?”. as opções eram tantas e todas pareciam muito fascinantes mas, ao mesmo tempo, incrivelmente entediantes.


então chegou o último ano de colégio. ano de vestibular também. uma professora resolveu, num dos primeiros dias de aula, perguntar pra todos os alunos qual curso cada um tinha escolhido.


e a menina respondeu: não sei ainda o que, mas vai ser na área de exatas.


chegou o dia de fazer a inscrição e, depois de ler o manual do candidato de cabo a rabo, ela marcou sua escolha. ciências biológicas.


passou no vestibular e começou o curso. já no primeiro período ela percebeu que não estava no lugar certo, mas resolveu esperar mais um pouco. a decepção era grande. biologia não era estudar a vida e sim decorar uma imensidão de informações. além disso a perspectiva de ter que matar bichos na aula de fisiologia, disciplina do terceiro período, era uma tortura muito grande. a única coisa que a prendia à faculdade eram os amigos que tinha feito. mas se eram mesmo amigos, continuariam sendo, né?


largou a biologia.


resolveu fazer design de produtos. mas as provas seriam justamente na época em que ela faria uma viagem programada há muito tempo.


então ela viajou feliz da vida. afinal, vestibular tem todo ano.


e tem mesmo. um ano e alguns meses após sair da biologia, começou o curso de design. claro que pensou em desistir algumas vezes: muitos professores péssimos, muitas aulas completamente inúteis. a conclusão de que o design era do mal quase foi a gota d´água. mas enquanto isso ela tinha que ganhar a vida de alguma maneira.


fez um concurso e virou funcionária pública.


resolveu continuar o curso, principalmente depois de conhecer um professor que parecia falar a mesma língua que ela. dessa maneira, foi apresentada à teoria e à história do design e sua relação com a sociedade e voltou a se encantar.


tirou férias no serviço pra se dedicar melhor ao seu projeto de graduação. achou tão bom se ver livre da burocracia que pediu sua exoneração quando as férias acabaram.


a formatura foi ótima, sem frescura. já tinha um escritório mais ou menos encaminhado, junto com a melhor amiga da faculdade e as duas estavam bastante empolgadas com a possibilidade de viver como designers de verdade. mas de repente tudo mudou: a empolgação diminuiu e o escritório não foi pra frente.


resolveu fazer um curso de pintura em tecido. e um de costura. e uma pós também.


quanto mais estudava, mais queria estudar. limitações geográficas e, principalmente, financeiras impossibilitaram um mestrado em história do design. com isso, a chance de ser professora também foi pro beleléu.


começou a trabalhar numa galeria de arte, mas percebeu que não teria muito futuro com aquilo.


no dia 12 de junho de 2007 ela resolveu fazer vestibular para ciência da computação. lembrou que se tivesse feito a prova na primeira vez que considerou a possibilidade, já estaria formada. isso foi o empurrãozinho de que ela precisava. no dia seguinte ligou para um cursinho e avisaram que iria começar uma turma no dia 18.


não foi fácil voltar a estudar tudo aquilo, depois de tanto tempo. a matéria não era o problema, mas sim a convivência com professores engraçadinhos e alunos totalmente desinformados. foi mesmo um choque perceber como o nível do ensino tinha caído durante esses anos.




mas tudo isso é passado. ela passou no vestibular e já está matriculada. as aulas começam na próxima semana.

Um comentário:

Fernanda disse...

Já ouviu falar em TDAH?

http://www.tdah.org.br/